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Marketing Digital no esporte: qual o panorama atual?

marketing digital esporte

Analisamos o cenário do marketing digital no esporte e contamos com a participação do especialista Amir Somoggi.

O esporte brasileiro caminha devagar no marketing digital. Ações e promoções tentam ser ousadas. Algumas iniciativas merecem aplauso. Se perdemos em infra estrutura e investimentos para os gringos, agora estamos atrás também no digital. O Marketing Digital ainda carece de mais atenção e desempenho. Nota: dificilmente vemos uma ação em outra modalidade. O Futebol, carro-chefe do brasileiro, ainda “puxa o carro” das estratégias. Explica-se: o próprio torcedor não entra de cabeça. Entretanto, vem a pergunta: é necessário o marketing engajar o torcedor ou o torcedor mostrar que quer ser engajado?
Convidamos o sócio da Sports Value Marketing Esportivo, Amir Somoggi para avaliar, em parceria, as principais atividades que o esporte tem proporcionado nas internet. Com mais de 20 anos de experiência em marketing e gestão esportiva, Amir aponta itens relevantes neste tema.

 Novo cenário no campo digital do Brasil

É interessante notar como, em geral, há uma divisão clara. Os mais tradicionais ainda mostram certa resistência sobre. Amir frisa aspectos interessantes que ultrapassam as atividades digitais – mas que obviamente podem representar grande ganho com ações: “Tem o exemplo da Flórida Cup. Nenhum clube europeu grande quer jogar a Flórida Cup. Exceto os alemães, que fecharam uma parceria. São exemplos de erros que são cometidos. Porque não jogamos contra o campeão da MLS? Poderíamos fazer várias ações com o mercado consumidor do soccer dos EUA.”
Segundo a pesquisa TIC Kids, realizada ao final de 2016, 80% dos brasileiros entre 9 e 17 anos estão conectados. 21% deles se conecta mais de uma vez por dia. O aumento do percentual de jovens que estão navegando mais de uma vez por dia foi ainda mais expressivo na faixa de 15 a 17 anos (de 17% para 77%) e entre os jovens das classes A e B (de 21% para 75%). O celular é usado como acesso a internet por 83% dos jovens com menos de 18 anos. Os times brasileiros tem cada vez mais torcedores e engajamentos. Não se esqueça: engajamento é uma métrica muito superior ao número de seguidores. Já falamos isso antes. É muito difícil resistir a vaidade do número de seguidores. É preciso fazer o torcedor participar e ser ativo do clube. E claro, dos parceiros no marketing digital no esporte.

Tentar ser mais atrativo

Em recente texto aqui no Ataque, mostramos o que pensa o público e como vemos a comunicação nos clubes. Hoje, os canais digitais são vistos como uma extensão da camisa de jogo: as empresas buscam exposição e poucas são aquelas que promovem a participação do torcedor. Entretanto, há o caso de empresas que trabalharam por entrega: OLX (em 2016 com o Corinthians) e Uber (Atualmente com Juventus, Grêmio e Inter).
É preciso pensar fora da caixa. Lembrar que, para ir além, basta pensar em juntar atrativos para o torcedor. Lembrar que um evento esportivo pode ser uma atração a mais. Uma ida ao estádio tende a ser um tédio para eles, afinal, não existe experiência digital em nossas arenas e, por consequência disso, o trabalho dos clubes neste sentido é nulo.

Bate Bola com Amir Somoggi:

1) Quais os seus principais destaques entre clubes e atletas no marketing digital no esporte hoje? E quais pontos você vê como oportunidade de melhora.

Sem sombra de dúvidas, em termos globais, falo de times europeus e algumas ligas como a Premier League e a NBA. Vejo as outras ligas americanas muito bem nos EUA, com boas ativações com patrocinadores, inclusive, mas com dificuldade em serem globais. NBA e times europeus, na minha opinião, vêm fazendo um bom trabalho.

2) O que devemos olhar pra fora e fazer um benchmarking?

Não temos que ver como grandes times e ligas fazem, como a NBA trabalha, Real Madrid, Barcelona, como Manchester City ou United trabalham, mas ser olhado de uma maneira mais ampla: que tipo de produto eles estão ofertando, como eles constroem a marca, quais são os mercados chave, aonde eles poderão estar nos próximos anos – com maior crescimento? Outro ponto: como eles podem atrair patrocinadores regionais e alavancando o crescimento de cada mercado? Por exemplo, a Indonésia. Para os clubes brasileiros é algo que não existe. Mas para times europeus é uma realidade. Indonésia tem um mercado até maior que o Brasil. Tem o futebol como principal modalidade e a liga é muito fraca. Tem a questão do mercado americano que nenhum time brasileiro conseguiu entrar. Nenhum time brasileiro conseguiu se destacar no mercado americano em seu próprio continente!

3) Qual a consequência para o mercado em geral você vê com a atual situação do trabalho executado pelos clubes hoje.

Os clubes precisam entender como ganhar dinheiro. Isso só vai ser construído quando entenderem que as coisas caminham lado a lado: a construção da marca e a comercialização da marca são algo em conjunto. Você pode fazer anos de investimento no canal do Youtube e nas suas redes sociais e lá na frente colher benefícios. Por exemplo, o maior deles: vender cotas globais como os grandes clubes europeus fazem e garantir a entrega de mensagem global e de impacto para esse patrocinador, globalmente. A Rakuten, patrocinadora do Barcelona, está falando com o mundo inteiro. Ela tem poucas oportunidades, poucas propriedades, poucas alternativas no mundo dos negócios tão globais e tão certeiras como patrocinar o Barça. Então, me parece que essa monetização vem do mercado de patrocínio.

4) O que seria mais viável para o esporte brasileiro hoje, em termos digitais?

Na minha experiência de consultor nesta área – eu já tenho visto de forma recorrente lá fora e tento aplicar isso aos meus clientes – é a comercialização via e-commerce. Da mesma forma, você viabiliza um aparato de comunicação explorando e maximizando o e-commerce. De um lado, patrocínios de onde você vai trabalhar conjuntamente com o patrocinador as ativações e também a venda através do e-commerce. Contudo, isso pode ser a venda de produtos oficiais do clube (ou da liga) e também de patrocinadores e o clube ganhar com isso. O caminho pro futuro é o streaming, é a conexão direta, esse relacionamento constante. Além, obviamente, deste marketing de aceitação. É o termo que se usa hoje para o consumidor que se aceita relacionar contigo e a partir disso ele cria com você um vínculo eterno. Entretanto, é preciso aplicar isso dentro do marketing digital no esporte.

5) O que você sugere em termos de ações?

A fidelização de marcas que o esporte representa e uma estrutura de relacionamento contínua: tanto para que os patrocinadores possam aportar recursos e se sentir felizes com o impacto que você gera para os negócios dele mas principalmente que efetiva a monetização com a venda de produtos e também com a fidelização e a venda de serviços.

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Conclusão

Como vimos, há muitas barreiras que precisam ser contornadas. É preciso saber desafiar. Ter uma estratégia bem definida, saber quem é a sua brand persona, como se comunicar e saber engajar o torcedor. Números analisados somente com seguidores representam números de vaidade. As ações práticas vão além disso. E o resultado tende a melhorar inclusive para os parceiros comerciais quando você envolve o torcedor.
O panorama é bem modesto do marketing digital no esporte. Mas ainda há todo um horizonte para pensar em melhorias.

9 comments

  1. Marketing Esportivo - Tudo o que você precisa saber - Conceito 8 abril, 2018 at 19:17 Responder

    […] As plataformas oferecidas com o avanço da tecnologia estão dando grande pauta hoje no mundo esportivo. Hoje, é possível ser mais que um espectador. Você pode assistir a um jogo, conferir dados e estatísticas; e por fim opiniar em real time. É uma nova interação que o mercado digital oferece. Essa situação ainda é um pouco nova. Alguns payers ainda estão remodelando o seu cenário e entrando no mercado. No Ataque, falamos mais sobre isso aqui. […]

  2. Marketing Marketing Esportivo – Tudo O Que Você Precisa Saber: O Que É, Conceitos E Exemplos – Bernardo Fraga 4 novembro, 2018 at 18:57 Responder

    […] As plataformas oferecidas com o avanço da tecnologia estão dando grande pauta hoje no mundo esportivo. Hoje, é possível ser mais que um espectador. Você pode assistir a um jogo, conferir dados e estatísticas; e por fim opinar em real time. Cada vez mais, o esporte sente a necessidade da segunda tela: uma para a televisão. A segunda para o celular (e os potenciais comentários em redes sociais); É uma nova interação que o mercado digital oferece. Essa situação ainda é um pouco nova. Contudo, alguns players ainda estão remodelando o seu cenário e entrando no mercado. No Ataque, falamos mais sobre isso aqui. […]

  3. Douglas Enry 3 janeiro, 2019 at 16:18 Responder

    Olá Amir Somoggi, tenho várias soluções na gaveta que podem elevar os recursos dos clubes.
    Uma parte segue com o licenciamento de produtos e outra com ações pontuais.
    É possível arrecadar Informando. À partir das informações, muitas ações positivas e remuneradas podem ser realizadas.

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