O Campeonato Carioca 2020 foi marcado pelo início da revolução dos direitos de imagens. O Flamengo foi o primeiro a buscar a transmissão dos seus jogos pelos seus canais próprios na internet, a FLATV. Em meio a essa briga, a Globo rompeu o contrato com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro. Entretanto, a decisão do Campeonato Carioca 2020 foi transmitida pelo SBT, já que a Globo abriu mão dos direitos de transmissão do campeonato na reta final.

Mas hoje o papo é sobre mídia espontânea.

Gatorade e Drogaria Pacheco

As duas marcas não pagaram nenhuma cota para aparecer no campeonato. Nenhuma das duas patrocina clube algum (Gatorade tem acordo de fornecimento de bebidas para os clubes e Pacheco é parceira do Flamengo no ST). Mas as duas marcas acabaram “aparecendo” na decisão do campeonato carioca 2020. Sem querer.

Na final da Taça Rio, o atacante Fernando Pacheco provocou Diego Alves durante a disputa de pênaltis. Hoje, com o título do Campeonato Carioca, o goleiro retribuiu e postou um recado ao tricolor: “Pacheco que eu conheço é a Drogaria”. Exagero falar em mídia espontânea neste caso? Pode ser que sim. Foi um breve comentário – positivo – mas para quem não pagou nada por uma decisão de futebol, agora tem o Rio de Janeiro falando que só conhece a rede de Drogarias Pacheco. 

Na mesma decisão, os jogadores do Fluminense teriam reclamaram do jogador Rafinha, do Flamengo, que ele teria sido soberbo ao falar, em campo, que jogou na Europa. Como se estivesse menosprezando os demais jogadores. A resposta dos torcedores nas redes sociais veio como forma de “zoar” o jogador, dizendo que ele era reserva no Bayern e ”só distribuia Gatorade” para o elenco do time alemão. Essa é uma linguagem dos boleiros para se referir, de forma pejorativa, aos jogadores que ficam no banco de reserva. Rafinha não fez por menos. Após o título ele entrou na brincadeira e distribuiu Gatorade para os jogadores do Flamengo em plena comemoração do título. Além disso, a imagem apareceu na transmissão do SBT para todo o Brasil e a internet (redes sociais) mais uma vez comentou em peso.

O futebol respira por provocações, desde que sadias. E as marcas pegam carona através de mídia espontânea: elas não pagaram nada pela ação, contudo elas aparecem de alguma forma.

Artilheiro da placa

Certa vez, quando eu estava trabalhando em um jogo, ouvi a seguinte história. Um empresário tinha acabado de comprar placas para a decisão de um campeonato sem muita repercussão. Entretanto, a decisão ia passar na televisão. O homem apareceu nos bastidores do jogo, minutos antes do apito final, acompanhado de dois brutamontes bem vestidos – e ele os apresentou como seus assessores. Parecia coisa do filme Men In Black. No entanto, algumas pessoas da Federação não sabiam como entrou ali e quem deveria saber disse que eles possuíam credencial. Não se sabe até hoje se tinham mesmo.

O empresário com seus dois assessores conseguiram inclusive acesso ao vestiário dos dois clubes. Muito papo reservado, muita conversa com alguns, e, como entraram saíram: calados. No meio disso tudo eu só consigo pensar: como esses caras conseguem esse tipo de acesso e o que eles estão fazendo ali?

O jogo rolou. O time de melhor campanha venceu. O artilheiro do time vencedor marcou um gol. Para quem assiste pelas cabines de TV, ele fez o gol na trave a esquerda. Para comemorar ele saiu correndo, atravessou o campo e foi comemorar com a sua torcida, que estava ao lado direito das cabines de transmissão. Em frente a uma dessas placas que ficam em volta do gramado, ele levantou os dois braços, subiu em cima da placa e ficou fazendo alguns gestos para causar ainda mais furor na torcida.

No fim de tudo, eu pensei: que “sorte” daquele empresário…

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Imagem principal: reprodução do youtube

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