Manaus F.C.: a gestão e o marketing desafiador fora do grande centro
Campanhas, engajamento, ativações, adesão da torcida. Todos esses ingredientes são elementares na cadeia do marketing esportivo. Mas nem sempre se torna uma realidade fácil para os clubes. Nosso país reserva grandes diferenças no que se refere ao esporte.
Fomos atrás de um desses exemplos. Fundado em 05 de Maio de 2013, o Manaus F.C. tenta buscar o seu lugar ao sol. Para realizar a matéria, entrevistamos a presidente para apontar essa desigualdade.
Patrícia Serudo, ex-diretora do Penarol, (time também do Amazonas) de onde saiu em junho de 2015, assumiu o Manaus F.C. em agosto com o objetivo a longo prazo audacioso: chegar à elite do futebol brasileiro. Quando assumiu o “Gavião do Norte”, ela definiu que a intenção do clube é disputar uma Série A. E disse ser um sonho palpável: “planejamento estratégico, pensando a médio e longo prazo e transparência” – disse à época.
Ambição demonstrada através da busca de reforços que atuam nas categorias base e no marketing, que agora têm a difícil missão de levar o clube a uma maior visibilidade e resgatar campanhas dos times amazonenses – na década de 70, Amazonas chegou a ter dois representantes na série A: Nacional e Rio Negro no mesmo campeonato. O futebol Baré aguarda o sucesso do seu caçula alviverde.
O Ataque Marketing marcou presença na cidade de Manaus, onde manteve contato com a gestora do clube. Fomos gentilmente recebidos e agora publicamos o conteúdo. Em uma conversa, anotamos as dificuldades de se trabalhar fora dos grandes centros, com pouco suporte financeiro e em um clube recém criado, mas com um objetivo. O foco a longo prazo é exemplar e a mentalidade é criar um alicerce. Segue o bate-bola com a Presidente:
1 – Quais as principais dificuldades encontradas pelo Manaus F.C. no gerenciamento do clube?
Patrícia: Acredito que a dificuldade macro é a falta de credibilidade nos gestores do futebol local. Há algum tempo que um clube amazonense não desponta nacionalmente; os insucessos das nossas equipes em competições nacionais afastou o torcedor dos estádios e o público se voltou para o futebol do eixo sul-sudeste e europeu. Então qualquer novo gestor já vem com esse estereótipo de que não é bom e os projetos não darão certo. Isso implica em muitas outras dificuldades.
2 – Como é feito a gestão de marketing dentro do clube?
Patrícia: Nosso clube tem um perfil jovem, empreendedor, tem uma mulher na presidência e carrega o nome da nossa cidade, as cores da nossa floresta, que é o verde. Temos explorado todos esses aspectos, o que temos de diferente, nossos pontos fortes. Resgatar a confiança do torcedor, fazê-lo acreditar no projeto, conquistar simpatizantes que são potenciais torcedores e consumidores do produto. Contratamos para gerir este setor de Marketing, o Rafael Melo, que é profissional da área e já atuou no esporte.
(Nota do Ataque: Rafael Melo atuou no Marketing do Rio Negro, clube também de Manaus)
3 – Pelo atual cenário do futebol do Norte, é possível acompanhar o futebol brasileiro e almejar acesso até outras divisões – tendo em vista que não temos nenhum time amazonense nas séries A, B e C?
Patrícia: Há muitas dificuldades, a nossa posição geográfica é um dos empecilhos, se torna mais dispendioso. Mas nossos vizinhos paraenses nos mostram que é possível ascender no futebol brasileiro sim, o Remo acabou de subir para a série C após alguns anos tentando, o Paysandu está na B e o Amazonas é um Estado de grandes riquezas, indústrias, 14º PIB do país atualmente, 3,9 milhões de habitantes, ou seja, tem grande potencial. Para chegar lá é preciso planejar a médio o logo prazo, nossos clube ainda tentam soluções imediatistas e acaba não dando certo.
4 – Qual a contribuição da Arena da Amazônia para a evolução do futebol local?
Patrícia: As equipes quase não utilizam a Arena da Amazônia no Estadual porque seus custos são elevados e a renda nem chega perto de cobrir essas despesas. No entanto, a Arena sem jogo nenhum, também gera despesas para o Governo, que é quem administra o estádio. Creio que falta uma atenção e carinho especial aos clubes locais nessa questão, reunirmos com o os administradores do estádio e encontrarmos uma solução viável para ambas as partes. A Arena é um dos estádios mais bonitos do Brasil, seria um atrativo a mais para o torcedor comparecer aos jogos.
5 – O Manaus F.C. é um clube com menos de 5 anos. Qual o conceito do clube e como o a diretoria o vê no futuro?
Patrícia: O Manaus é um clube que investe muito na base, nos profissionais que vão formar esses atletas. O Amazonas há um bom tempo que não forma jogador, nós importamos o plantel todos os anos para as competições. Alguns amazonenses que vão pra fora não despontam porque o trabalho de base foi deficitário, com foco no título e não na preparação do atleta para ir para o time principal. Nós fomos o primeiro clube do Amazonas a unificar nosso sistema de jogo da base ao profissional. Sei que esse trabalho não renderá frutos imediatos, agora ninguém verá resultado, mas sei também que eles virão. O Manaus vai crescer e aparecer.
Situação do Manaus F.C.
Patrícia assumiu a presidência do Penarol no dia 30 de junho de 2013, após dois anos ocupando o cargo de diretora do clube. Em dois anos na posição de presidente, a mandatária liderou a equipe principal em 31 partidas, sendo 14 vitórias, 8 empates e 9 derrotas, com 2 semifinais do Campeonato Amazonense. Em 13 de agosto de 2015, ela assumiu o Manaus F.C.
Podemos analisar as hipóteses e como o clube poderia angariar um aporte financeiro fixo? Iniciativa privada da região? Apoio da política local que pode pensar em promover mais o esporte e utilizar a Arena da Amazônia em jogos de rodadas duplas? O futebol hoje é como a realidade dos jogadores: São poucos que ganham cifras elevadas. Buscar soluções e um trabalho de longo prazo é elementar. A iniciativa do clube e a vontade de fazer história e tornar a marca forte são exemplares. Mas tem muito trabalho pela frente.
(Nota: Tentamos visitar a Arena da Amazônia e conversar com um gestor, porém em todas as investidas que fizemos não obtivemos sucesso).
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Imagem: arquivos da Patrícia e site do Manaus F.C.
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