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Os estaduais de futebol: torneios deveriam chegar ao fim?

Os estaduais

Uma breve avaliação sobre os estaduais e como os grandes clubes pagam caro por eles

Precisamos falar sobre os torneios estaduais. As competições que invadem o país por cerca de 4 meses no ano, toma 1/3 do calendário, gera pouco retorno para grandes clubes e mantém uma estrutura viciada, inclusive por manter federações com poder que não deveriam ter.

Os estaduais terminam em abril. Geralmente essa época é quando os campeonatos europeus estão sendo decididos. Com mais transmissões das ligas nacionais europeias, mais chance das crianças brasileiras assistirem Messi, CR7, Sallah e Modric em campo.

A TV nem precisa fazer força para promover o futebol europeu. Mas como promover o estadual? Estádios precários, elencos fracos e o pior: espetáculo ruim. O produto não atrai mais.

Creio, de verdade, que cada um deve torcer para quem quiser. Eu sou um grande fã do futebol europeu. Mas estou realmente preocupado com a avalanche de meninos e meninas que passam a acompanhar o futebol fora daqui.

Estadual é o vilão?

Não. É um somatório dos fatores. Mas o estadual arrastando 4 meses do nosso calendário e, levando junto dele, o que poderia ser de preparação dos times de ponta, jogos mais qualificados e deixando um herança com esta defasagem temos sim que repensar esse modelo.

O investimento destinado aos torneios é baixo. Por exemplo, o Campeonato Paulista paga hoje aos clubes 160 milhões de reais. Para o Campeonato Carioca, o valor destinado é de 120 milhões. O Campeonato Mineiro e o Gaúcho ficam bem atrás: 36 milhões e 34 milhões, respectivamente. Já a Copa do Nordeste fica com 25 milhões. Para se ter uma ideia, o Campeonato Paulista paga 5 milhões para o campeão e 1 mi e 700 mil para o vice. Estamos perdendo qualificação para uma competição pouco atrativa, com uma fórmula e times desgastados e que pagam bem menos que o Brasileirão e a Copa do Brasil. Em outras palavras, estes dois torneios deveriam ser mais valorizados. Assim, conseguiríamos mais preparação e competitividade técnica para os clubes de ponta.

Os times pequenos vão acabar, eles dizem.

Seja sincero. Pelo cenário atual, você vê algum time pequeno vivo? Os times “pequenos” estão acabando e é agora. As federações – insistindo nos estaduais – estão causando grande tormenta no Brasil. Mudar agora é mais que necessário. Acima de tudo, é urgente.

Os estaduais deveriam ser jogados pelos pequenos clubes, como modelo qualificatório para torneios nacionais. Com um país com dimensão tão grande como o Brasil, alguns clubes ainda carecem de estruturas para torneios nacionais. Os grandes deveriam jogar? Se for de forma nacional, ocupando talvez um mês do calendário dos clubes, o meu pensamento fica mais flexível. Além disso, a diferença técnica entre os clubes não é saudável.

Há tempos discutimos sobre as condições dos estaduais e a situação do futebol brasileiro. Por que deveríamos acabar com os estaduais em detrimento do calendário? Como os times pequenos sobreviveriam? Por que manter uma competição onerosa para os clubes que deveriam se preocupar com performance de ponta e priorizar a qualidade do nível do seu jogo?

O papel da federação deveria ser burocrático. Portanto, deveria atuar com clareza na atuação do registro dos jogadores, regulamento de competições e suporte ao tribunal. Quando cito clareza e ser extremamente competente e atuar com lisura, até mesmo para que imprensa e os torcedores tenham fácil acesso a informação.

Depois não adianta chiar o leite derramado da criança que escolheu a Champions…

Imagem: pixabay

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2 comments

  1. Cláudio 15 janeiro, 2019 at 14:03 Responder

    A criança não vai escolher a “Champions”: ela vai escolher o time de e-sports. O mundo está caminhando para uma interação sem limites e ser apenas um espectador sem influência (já que o futebol hoje é um esporte televisivo) não é atrativo para uma geração que quer ter poder de decisão e interação.

    Comparar a Copa do Nordeste com os estaduais é balela: o pensamento da liga é fortalecimento do futebol naquela região e 70% dos clubes que a disputam são os considerados “grandes”. Se a Primeira Liga tivesse o mesmo pensamento de classe, talvez o texto poderia estar falando sobre “como fazer um campeonato preparatório ser o torneio principal do futebol brasileiro”.

    Mas como disse no parágrafo acima, falta o “pensamento de classe”: se os clubes brasileiros não conseguem explorar nem 1% do seu potencial fora das quatro linhas, de que adianta pedir o fim dos estaduais que são o braço regional político de uma confederação corrupta sustentada pelos próprios clubes?

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