Planejamento x orçamento: o início da temporada
Uma visão sobre o planejamento dos clubes
Todo início de temporada começa com a conhecida especulação de mudança de elenco. No planejamento dos clubes, contratar-dispensar-encaixar jogadores é praxe. Mas você pode imaginar como um clube de futebol desenha seu planos dele para o ano? Não consegue? Geralmente, os gestores dos clubes também não. Nota-se pelo fluxo grande de contratações durante a temporada dos clubes, pelo desalinhamento na troca de treinadores, na falha de comunicação entre diretoria-torcedores.
A conta é simples
Não se deve gastar mais do que arrecada. Clubes não são bancos, não devem acumular riquezas. Ok. Mas o gasto desmedido deve ser freado. A receita gerada no ano anterior tem que ser levada em conta quando tentamos escalar a vida financeira do time.
O exercício financeiro dos clubes é divulgado, geralmente, em abril. Antes disso, os gestores podem e devem consultar a qualquer hora o andamento das contas. Curioso notar que a CBF oferece um curso para gestores. Fechar acordos vantajosos é ótimo cartão de entradas. Mas gastar com responsabilidade é vital para tornar um clube mais saudável. Os gastos com salários e contratações deveriam, no máximo, se igualar às receitas, para garantir que o restante possa ser usado para quitar dívidas.
Uma das fontes de receitas foi comentada neste artigo: quanto cada clube vai receber da TV pelo Brasileirão 2018.
Neste ponto, o Flamengo dá exemplo na questão da responsabilidade fiscal. Quem pratica de forma deliberada a sonegação de tributos ou apropriação indébita no clube está sujeito à perda do mandato e o estatuto do clube também determina que todo dirigente que “causar prejuízos e atos lesivos ao patrimônio e à imagem do rubro-negro pode responder com bens particulares, mesmo após o término dos mandatos”.
Calendário pode atrapalhar
Na Europa, a temporada começa em julho/agosto. As nossas competições começam em janeiro. Isso atrapalha a estratégia dos clubes. Contratações e vendas no meio de competições podem onerar ainda mais os clubes. Entendo que nossa tradição deve ser mantida. Mas em alguns casos, como esse, em minha opinião, acho que adaptar nosso calendário ao calendário europeu, de fato, tornaria a vida dos clubes mais fáceis.
As saídas de jogadores – e por que não as chegadas – seriam mais vitais.
Excelente texto.
Se todos os clubes colocassem no estatuto a “responsabilidade fiscal” teríamos um futebol mais nivelado no Brasil.