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Superliga Europeia – entenda o movimento dos clubes pela criação da liga

Superliga Europeia

12 grandes clubes europeus anunciam a criação de uma Superliga da Europa

Manchester United, Liverpool, Manchester City, Arsenal, Chelsea, Tottenham, Real Madrid, Barcelona, Atlético Madrid, Juventus, Milan e Inter de Milão anunciaram um acordo para a criação uma nova competição chamada Superliga Europeia. A Fifa se posicionou contra a ideia, e a Uefa ameaça banir times integrantes de participarem das competições domésticas, europeias e mundiais. Jogadores também poderão ser banidos de representarem seus países. Os 12 clubes da Superliga comunicaram antecipadamente a Uefa e Fifa que já iniciaram as ações na justiça para evitar serem impedidos de levar a competição adiante. Posição da UEFA não amolece durante a noite.

Contudo, a Fifa emitiu comunicado e se coloca contra a existência da Superliga fundada pelos 12 gigantes europeus. Os clubes separados enfrentarão a expulsão da Liga dos Campeões da próxima temporada, mesmo que sua própria Superliga não esteja pronta para começar em agosto.

Bayern, Borussia Dortmund e PSG não aderiram o convite e desistiram da Liga, pelo menos por enquanto. Até agora, não há nada real sobre suspensão da Champions ou Europa League. Competições seguirão normalmente.

Números

Os membros fundadores receberiam cerca de 350 milhões de euros pela participação no torneio. Para um comparativo, o Bayern recebeu algo em torno de 117 milhões de euros pelo título da última Champions. O banco de investimento JP Morgan, com sede em Nova York, financiará a nova liga com um total de 6 bilhões de euros, que é um ajuste pela receita futura de transmissão. Outro ponto que impressiona é a DAZN, pronta para pagar 3,5 bilhões de euros para direitos de TV. Por outro lado, a UEFA vai exigir entre 50 a 60 bilhões de euros de compensação dos clubes.

Como pensam os clubes

Os clubes iniciaram esse movimento pensando em salvar suas contas. Somados, eles perderam algo em torno de 1,25 bilhão de euros com a pandemia. Interessante movimento que pode vir a dar poder aos clubes. São os maiores interessados a terem uma liga com maior rentabilidade, deixando que federações cumpram mais o papel burocrático e, com isso, deixem maior parte da fatia do bolo ($) para os clubes. Como fica a UEFA? Ela deverá assumir uma posição urgente. Acredito que tentará um papel apaziguador e que dê mais forças (leia-se dinheiro) para os clubes.

Nenhum dos 12 clubes registrou lucro na temporada anterior. Eles perderam um total de £ 1,2 bilhões em 2019/20 antes das vendas de jogadores.

Os 12 clubes têm dívidas de £ 5,6 bilhões, de acordo com a definição da UEFA de dívida financeira (£ 3,5 bilhões) e dívida de transferência (£ 2,1 bilhões):

O Florentino Pérez declarou que se os jogadores forem proibidos de jogar a Copa, eles vão criar outra Copa do Mundo. “Vamos ajudar a levar o futebol ao seu devido lugar, o futebol é o único esporte mundial com mais de quatro bilhões de torcedores e nossa responsabilidade como grandes clubes é responder aos seus desejos.”

Vale lembrar que de todos esses clubes, alguns já tem uma veia forte de investimento que remete ao modelo adotado pelas ligas americanas: Manchester United: pertence aos Glazer, que tbm são donos do Tampa Bay Buccaneers. O principal investidor do Liverpool é o Fenway Group, donos do Boston Red Sox. Donos do Milan: Elliot, fundo de investimento americano. Já o Arsenal, o dono é Stan Kroenke, dono do Denver Nuggets e Colorado Avalanche (hóquei). Entendível a escolha para um estilo de disputa como a NBA. Participação fixa, sem classificação exigida e sem rebaixamento.

Os Sheiks, bilionários e fundos donos dos maiores clubes entraram no futebol para lucrar. Eles não entraram por amor ao esporte.  O motivo de toda esse racha é por garantia de receitas. O investidor injetou muito dinheiro e quer retorno.

Opinião sobre a Superliga Europeia

A Superliga pode ser um ato político dos grandes clubes para mostrar à UEFA que os clubes querem ser o dono do jogo. Ao que tudo indica, como a UEFA precisa deles, a entidade vai ceder e haverá um acordo para uma nova Champions. Se conseguem captar muito dinheiro para uma Superliga, qual seria a diferença em destinar essa captação para atual Champions? De primeira, respondo que a garantia de disputar a Superliga, em qualquer momento, é obviamente mais vantajoso pois a vaga está lá garantida. No atual modelo, não necessariamente os 6 ingleses têm vaga garantida. Nem os 3 italianos. E nem os 3 espanhóis (espanhóis dificilmente têm ficado de fora).

Lembre-se, a esta altura do campeonato, não adianta romantizar o futebol. A ideia de fair play financeiro pode ser uma solução. Entretanto, essa iniciativa vai na contramão de quando se permitiu a entrada indiscriminada de capital vindo de onde fosse a formação destes super times. O abismo pode aumentar e a elitização do futebol iria se consolidar.

O fator surpresa no futebol vai acabar?

Os times serão sempre os mesmos na competição – exceto os convidados. Um Barcelona X City (só um exemplo) que era um jogo especial, vai se tornar um jogo comum. E esse encontro acontecendo todo ano perde a atração de ser um jogo especial. A década de 90, com aquelas decisões estão virando floclore.

Quem é o grande culpado disso tudo? Na minha opinião, a gananciosa UEFA. Nunca regulamentou esses investimentos. Sempre teve grande fatia na arrecadação de competições.

Para finalizar, Gary Neuville (ex-jogador e atual comentarista na Inglaterra) fez um desabafo importante sobre a criação da Superliga. Confira:

E você, o que acha da Superliga Europeia? Deixe sua opinião nos comentários.

 

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