Convocados CBF: Uma Iniciativa de Reaproximação do Público Jovem. 

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) promoveu no último sábado de março (30) o amistoso “Convocados CBF” com ex-atletas profissionais e youtubers na Granja Comary, sede da Seleção Brasileira. A brincadeira reuniu youtubers como Fred Desimpedidos, Felipe Castanhari, o FutParódias, Brazil Kickers, Raquel Freestyle, Luana Maluf e, curiosamente, Julio Cocielo, envolvido em uma polêmica na última Copa do Mundo ao realizar postagens racistas em sua conta do Twitter. Pelo lado tradicional do mundo da bola, estavam vários ex-craques. O tetracampeão mundial Bebeto e os pentacampeões Juninho Paulista e Denilson, entre outros ex-atletas.

A ação fez parte de uma iniciativa para a aproximação entre entidade e jovens e crianças, levando os influenciadores para viverem um fim de semana como verdadeiros jogadores da Seleção Brasileira. A iniciativa foi um projeto conjunto dos departamentos de marketing e comunicação da CBF. Ao que tudo indica, o projeto deve ter novas edições. O vídeo “Convocados CBF” foi ao ar na última quinta-feira (4) no canal oficial da CBF no YouTube.

Processo de escolha de Influenciadores

Assim como outras marcas, a CBF optou por associar a sua imagem com a imagem de influenciadores digitais. Desta forma a CBF vai na tentativa de conquista de novos espaços, novas plataformas e, principalmente, novos públicos. Mas, como escolher um influenciador para sua marca? Antes de o contratar, é preciso levar em consideração alguns pontos para que o seu investimento e sua estratégia sejam assertivos:

Alcance: tamanho da audiência do influenciador;

Relevância: relevância do conteúdo que ele produz para o seu público, sendo essencial haver uma compatibilidade do influencer com os valores da marca;

Capacidade de Engajamento: capacidade de influenciar o público na tomada de decisão.

Dentre as escolhas dos Tipo de Influenciadores, temos:

Celebridade: possui grande alcance, porém costuma ter um custo alto e uma audiência genérica;

Autoridade: possui um conteúdo muito valorizado pela sua audiência;

Marca Pessoal: faz parcerias somente com marcas que já possuem certa credibilidade no mercado;

Ativista: movido por seus ideais e gosta de fazer parceria com marcas que dão espaço para que o seu ponto de vista;

Analista: se baseia dados e é um grande formador de opinião, costuma atingir um público bem segmentado.

Um erro de convocação?

Com uma “escalação” bem diversificada, a CBF conseguiu reunir influenciadores dos mais diversos tipos, podendo ter garantido o alcance, a relevância e a capacidade de engajamento esperados. Porém, dentre as inúmeras opções de produtores de conteúdo e influenciadores, optar por Júlio Cocielo, em uma campanha de uma das mais importantes entidades do futebol, não parece ter sido a melhor escolha da vez (ou de nenhuma das vezes).

Por mais que o youtuber atinja um grande público, e esse seja o objetivo que a CBF busca atingir, seria fundamental que os patrocinadores e a própria entidade tivessem uma visão crítica sobre este projeto, levando em consideração a polêmica envolvida com Cocielo, infelizmente marcada dentro, e principalmente, do futebol, durante a Copa do Mundo, com um tema que ainda deixa graves marcas na humanidade: o racismo.

Talvez tenha sido um ato pensado principalmente em resultados nas plataformas digitais ou, simplesmente, enxergaram como uma “segunda chance” ao youtuber. Mas o que deveria ter sido levado em consideração era a opinião de parte do público, que, muito provavelmente, não se esqueceu do infeliz episódio. Esta escolha, em algum momento, poderia atrair novo públicos, mas promover uma má impressão em outros já fidelizados.

Sobre a Ação:

O “Convocados CBF” se apresenta como uma proposta interessante na tentativa de conquista do público mais jovem. Isto, justificado na internacionalização do gosto da garotada, que hoje opta por acompanhar os times e seleções da Europa. Lógico que existem pontos mais importantes e mais urgentes a serem resolvidos no atual contexto da CBF e do futebol brasileiro, mas garantir e reaproximar a juventude, e o futuro do mercado, é algo considerável.

Nos termos do projeto, talvez uma reconfiguração na formatação seria um próximo passo interessante para o “#ConvocadosCBF”: tirar alguns dos youtubers de campo e os colocar na transmissão, nos comentários e nas entrevistas representaria melhor o seu papel. Além disso, propor uma maior consistência no conteúdo do vídeo e nas atividades propostas. com isto, evita-se que na maior parte do tempo os influenciadores escolhidos se empenhem mais na sua autodivulgação do que na trabalho de imagem da CBF e dos patrocinadores.

Erros básicos

Não deixamos de apontar que outros pontos podem ser ainda mais importantes. Em primeiro lugar, a seleção deveria voltar a atuar no Brasil. Jogar na Europa é tão frio para o torcedor quanto um freezer. Jogar bem é outro ponto importante. Depende também do Tite, a quem goza de credibilidade. Com méritos. Convocar jogadores que se identificam com a torcida. É algo que pode parecer vago, mas quase 100% dos jogadores atuam no exterior. Outro ponto: Neymar precisa entender que é o principal jogador do Brasil. Suas atuações têm mudado desde a Copa do Mundo. Mas ter a responsabilidade de que é ídolo. Por fim, jogar contra seleções de ponta – e fazer bons jogos! Jogar contra Panamá pode trazer transtornos. A CBF é obrigada a ganhar. Não é mais que a obrigação. Se perder, é vexame.

Como todo importante processo de identificação de falhas e crises, precisamos identificar o porquê dos jovens estarem distantes da Seleção. Se o resultado dessa pesquisa já existe, o que garante que uma ação com youtubers e influenciadores faça com que, automaticamente, os jovens voltem a se interessar pelo futebol brasileiro? No mais, fiquemos no aguardo das próximas ações da entidade com este público.

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Candice Viana, 21 anos, baiana. Estudante de Comunicação Social – Relações Públicas na Universidade do Estado da Bahia – Em parceria com Thiago Petrocchi

Imagem: video CBF

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