Atlético e Cruzeiro no Campeonato Mineiro: qual a melhor saída?
Porque os estaduais precisam ser mudados urgentemente. O exemplo do Campeonato Mineiro.
Atlético e Cruzeiro no Campeonato Mineiro vivem um desafio, a cada ano, para brigar por novas formas de arrecadação. Além das cotas de TV e o patrocínio de camisa, os dois mineiros precisam criar meios de aumentar o faturamento. Flamengo, Palmeiras e Corinthians já respondem, do lado do eixo, com bilheterias volumosas. Aqui, no Ataque, ao avaliarmos a gestão e marketing esportivo dos clubes, fazemos o exercício de pontuar os pontos que trazem a tona como os clubes monetizam. E o cenário dentro de casa não é animador.
Estamos começando o mês de abril e os clubes pouco faturaram com o estadual. A cota de TV do campeonato Mineiro é de 12,7 milhões para cada um dos dois principais clubes mineiros. Na bilheteria, juntos, os clubes não passaram dos 3 milhões em renda bruta em 12 jogos somados. Os dois não chegaram a faturar 1,5 milhões. Bruto.
Paralelo entre o quanto Atlético e Cruzeiro no Campeonato Mineiro faturam e os custos dos clubes
O balanço do exercício de 2018 dos clubes ainda não está pronto. Mas, verificando o exercício de 2017, vemos que as folhas salariais da dupla foram excessivos. Do Cruzeiro, girou em torno de 12 milhões/mês. No Atlético, a média mensal girou em torno de R$ 10,6 milhões.
Ou seja, o valor da TV para os clubes cobre um mês. Sendo que até o final de abril, o quarto mês do ano, os clubes praticamente só jogam esta competição.
Exceção feita a Libertadores. E claro, sabemos que nas finais a arrecadação muda a favor dos clubes, pela importância dos jogos e, principalmente, pela possibilidade de acontecer o clássico na decisão.
Falando em clássico, o borderô mostra uma situação terrível para o mandante.:
https://sge.esumula.com.br/arquivos/Bordero/Bordero_Jogo_30228.pdf e vemos que o clássico registrou déficit.
O primeiro ponto da questão é apontar que os dois clubes estão em duas competições: Copa Libertadores e Campeonato Mineiro. O glamour em disputar a Libertadores e conquistar o continente passa também pelas maiores chances de arrecadação – ao contrário do defasado e arrastado campeonato mineiro.
Bilheteria dos mineiros em seus 6 primeiros jogos:
Números em outros torneios:
É óbvio que os outros torneios são mais atrativos. Não estamos comparando um torneio com outro. Mas como os clubes precisam pensar em uma administração responsável e competente que tenha arrecadação compatível aos seus gastos. Ou ampliem os canais de arrecadação a ponto de um torneio como o estadual não complicar a vida financeira de cada um deles.
O Atlético, que participou da pré-libertadores, conseguiu arrecadar nos 2 primeiros jogos da fase inicial R$ 1.656.386,00. O jogo contra o Cerro, o primeiro da fase de grupos, alcançou R$ R$ 1.738.540,00. No valor bruto, o total dos 3 jogos ultrapassa a casa dos 3 milhões. No entanto, o Galo garantiu 500 mil dólares (R$ 1.8 milhão) por ter passado do Danúbio. E mais 550 mil dólares (R$ 2 milhões) por ter passado pelo Defensor. Portanto, há um equilíbrio financeiro na relação jogar x faturar.
O Cruzeiro jogou fora de casa seu jogo pela Libertadores. Contudo, leva-se em conta o clássico contra o próprio Atlético pelo Mineiro, disputado no dia 27 de janeiro que conta com a renda toda do mandante, no caso o time celeste. Pela Copa do Brasil ano passado, o Cruzeiro levou R$ 62 milhões em premiações com o título. Acima de tudo, essa bolada veio por ter sido campeão. Entretanto, ao ingressarem nas oitavas de final do torneio, os dois mineiros vão receber de cara R$ 2,4 milhões. Se passam para as quartas, mais 3 milhões. A semi final garante 6 milhões a mais para os cofres.
Não custa lembrar. A TV paga aos co-irmãos R$ 60 milhões para cada, pela transmissão do Brasileirão.
Estadual deficitário
O que é melhor? Disputar um torneio tradicional mesmo que o clube possa ter prejuízo com total da arrecadação destinado a ele (TV + bilheteira)? Não disputar a competição e ficar 2 meses parado? Mas não é nada disso que defendemos!
Em conclusão, o futebol brasileiro precisa mudar. Um Campeonato Brasileiro com maior duração na temporada (além dos atuais 7 meses) pode ser mais atrativo e valioso para o torcedor e consequentemente para a TV. Em outras palavras, as emissoras poderiam pagar mais por um torneio que pode ter mais duração e com datas mais espaçadas. O ganho técnico seria maior.
É preciso pontuar que o atrativo em disputar um torneio continental, que dá visibilidade, é um grande motivo deste disparate que analisamos. Mas disputar uma competição que a bilheteria não consegue impulsionar um valor em uma somatória grande de jogos é um veneno para os cofres dos clubes. Os campeonatos estaduais precisam ser mudados urgentemente: sua fórmula e tempo de disputa. O tempo passo e o erro persiste.
E insistir neste erro é perigoso.
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Foto: Pedro Souza
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