City Football Group: A holding como um novo modelo de negócio no futebol
O futebol se tornou um grande produto do entretenimento no mercado europeu. Sua alta capacidade de transformar clubes de futebol em marcas reconhecidas no mundo todo, com um viés de negócio e profissional trazem grandes resultados. Desse modo, ao longo dos últimos anos vem surgindo um novo modelo de negócio através de uma holding em que, um grupo administra, controla e supervisiona uma rede de clubes de futebol. É o caso do City Football Group.
O CFG foi fundado em maio de 2013 e é responsável por conduzir um agressivo plano estratégico de transformar nove clubes de futebol em grandes plataformas globais. Atualmente, O CFG é de propriedade do Abu Dhabi United Group (ADUG) com 77%, do Consórcio China Media Capital (13%) e Silver Lake (10%).
Seus principais objetivos são “adotar uma abordagem exclusivamente global, aumentar a participação no futebol dentro e fora do campo, encontrando e desenvolvendo os melhores talentos do futebol, além de envolver uma comunidade de fãs apaixonados”. Atualmente, o grupo está avaliado em 4.5 bilhões de euros e com uma perspectiva de crescimento contínuo.
A imagem do estudo da KPMG detalha a localização de cada clube através dos Continentes. Uma ressalva: O Lommel SK da Bélgica foi adquirido pelo grupo em maio, por isso, não consta na imagem.
Ferran Soriano, ex-vice-Presidente do Barcelona e atual CEO do grupo é o responsável por liderar e administrar essa holding que tem o Manchester City como principal clube de futebol. Além deste, o New York City FC (EUA), Melbourne City (Austrália), Yokohama Marinos (Japão), Montevideo City Torque (Uruguai), Girona (Espanha), Sichuan Jiuniu (China), Mumbai City FC (Índia) e Lommel SK (Bélgica) são as outras marcas ligadas ao grupo.
Alcance Global do City Football Group se distribui com os nove clubes e escritórios espalhados pelo mundo
Estratégia comercial global
Dado que a holding mantém nove clubes de futebol espalhados pelo mundo, é de esperar um trabalho comercial global em que o City Football Group vai fechar acordos comerciais que valorize seus clubes. Logo, em fevereiro de 2019, o CFG fechou um contrato de patrocínio milionário com a Puma para fornecer os materiais esportivos para cinco equipes. São elas, o Manchester City, Melbourne City, Girona, Montevideo City Torque e Sichuan Jiuniu. Os valores não foram anunciados oficialmente, mas especula-se que alcançou a cifra de 650 milhões de libras por dez temporadas.
A fala de Ferran Soriano ao ser perguntado sobre o desfecho do negócio valoriza um novo modelo para o grupo ao afirmar que o “nosso relacionamento com a Puma, cobrindo cinco clubes do City Football Group em quatro continentes, irá redefinir o modelo de parcerias esportivas em uma escala verdadeiramente global, sendo localmente relevante e autêntico para fãs em todo o mundo”.
WE'RE NOT REALLY HERE pic.twitter.com/44RiwPvv8M
— PUMA Football (@pumafootball) February 28, 2019
Estratégia em “clubes de base” para potencializar “clubes globais”
Dentro desse modelo adotado pela CFG, o grupo vai buscando adquirir clubes em diversas partes do mundo, pré-definindo em clubes que tem o potencial de se tornarem globais como é o caso do Manchester City, New York City FC e Melbourne City que constituem como “core business”, mas vai além ao atrair clubes que se tornarão grandes fornecedores de talentos, ou seja, servirão de “clubes de base” para apostar no desenvolvimento e aproveitamento de jogadores como é o caso do Montevideo City Torque, Girona e Lommel SK.
Nestes mercados, em especial no Uruguai e na Bélgica, o foco é investir em jogadores de formação e que tenha o real potencial de se tornarem grandes atletas nos principais clubes do grupo. A prova disso vem do recém investimento que o CFG irá fazer ao construir um centro de treinamento no Uruguai para ser casa do Montevideo City Torque. O local irá abrigar dentro de um espaço de 90m², cinco campos de futebol, vestiários, refeitórios e escritórios.
Identidade visual própria é parte importante do City Football Group
Camisa azul celeste com detalhes em branco, escudos e nomes fazem parte da estratégia para compor a identidade do CFG, principalmente nos clubes “core business” como o Manchester City, New York City FC e Melbourne City sendo claros exemplos de similaridade de um plano visual muito bem trabalhado. Entretanto, essa lógica não se apresenta nos nove clubes do grupo, mas em quatro deles definindo características muito semelhantes.
A ousadia do grupo é tão grande que, quando o CFG chegou na Ásia e Pacífico em 2014, comprou o Melbourne Heart da Austrália e uma das primeiras atitudes do grupo foi um rebranding ao alterar o nome da equipe para Melbourne City FC e as cores predominantes para azul celeste, além do símbolo para ficar semelhante ao Manchester City.
O segundo clube do “core business” que merece destaque é o New York City FC que foi fundado em 2013 e já nasceu com as cores e identidade do CFG. Um apoio importante dentro do clube é com o New York Yankees, sendo utilizado o estádio da equipe de beisebol para mandar seus jogos. Uma outra estratégia para dar visibilidade dentro da MLS foi a contratação de jogadores importantes do cenário mundial como David Villa, Andrea Pirlo e Frank Lampard.
Vale citar o principal clube do City Football Group, o Manchester City. As mudanças do City são visíveis em suas cores e no escudo para ser o grande guia do CFG, dentro desse plano global ao explorar novos mercados e se fazendo valer de manter em seu elenco jogadores de diversas partes do mundo, combinado com o bom desempenho em campo, fator fundamental para a consolidação de um bom trabalho.
Por outro lado, o CFG apresenta o agora Montevideo City Torque. A fundação aconteceu em 2007 no Uruguai e o nome de batismo era Clube Atlético Torque. Após a compra em 2017 e passados três anos, a equipe troca o nome, as cores predominantes e símbolo para seguir o padrão global adotado pelos outros clubes do grupo.
A consolidação deste plano estratégico do City Football Group está ficando cada vez mais evidente a medida que suas decisões são tornadas públicas na aquisição de novos clubes, investimentos em mercados emergentes e na valorização de um modelo de negócio que tem tudo para ser um sucesso.
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Imagens: Sites City Football Group / Globoesporte.com / KPMG Football Benchmark
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