Gestão das Arenas no Brasil: uma verdade incômoda

“A Arena está linda, mas ela é sustentável?”
Tarde demais para a pergunta mais importante.
A gestão de arenas no Brasil é o retrato perfeito de um problema crônico:
Investimos bilhões em ativos que utilizamos apenas 4% do tempo disponível.
Vamos aos números reais:
• Um clube da Série A realiza ~25 jogos como mandante por ano • Cada jogo ocupa o estádio por ~8 horas (incluindo preparação) • Isso representa apenas 200 horas de uso em 8.760 horas anuais
Ou seja: 97,7% do tempo, aquele investimento bilionário está ocioso.
Enquanto isso, arenas europeias e americanas funcionam como centros de receita contínua:
- Espaços comerciais ativos 7 dias por semana
- Tours e museus que recebem milhares diariamente
- Eventos corporativos nos dias sem jogos
- Restaurantes e áreas de entretenimento permanentes
- Integração com hotéis e complexos comerciais
O Tottenham, por exemplo, gera apenas 40% de sua receita no dia do jogo com ingressos para jogos.
Os outros 60% vêm da arena funcionando como negócio independente.
No Brasil, vemos evolução em casos isolados:
• Allianz Parque revolucionou o modelo com shows e eventos
• Arena MRV nasceu com conceito multiuso
• Maracanã começa a explorar melhor seu potencial turístico
Mas a maioria dos clubes ainda opera no modelo “abre-fecha”: Abre para o jogo, fecha até o próximo.
Ativos subutilizados são buracos financeiros, não importa quão impressionantes pareçam.
A verdadeira inovação não está na construção, mas na utilização estratégica.
O segredo que times europeus dominaram há décadas?
Transformar estádios em hubs de experiência que geram receita 30 dias por mês.
Não é sobre futebol. É sobre gestão de ativos.
Os poucos clubes brasileiros que entenderam isso estão 5 anos à frente na corrida pela sustentabilidade financeira.
O resto continua tratando arenas como centro de custos, não como motor de receitas.
A pergunta é: quanto tempo até perceberem que estão jogando o jogo errado?
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Imagem: stadium.es
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