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Futebol europeu: Por que tem atraído cada vez mais torcedores no Brasil?

Por que os clubes europeus têm conquistado cada vez mais torcedores no Brasil?

Em uma publicação recente sobre estratégias de marketing esportivo no Ataque, falamos sobre a crescente demanda do futebol europeu no Brasil. Algumas pessoas perguntaram as causas mais impactantes para isso. Eu marco 3 situações que deixam o cenário nacional preocupante:

  1. Campeonatos tecnicamente diferentes

  2. Debandada de craques

  3. Calendário ruim

No primeiro ponto, há uma real diferença quando discutimos nosso principal campeonato com os jogos de fora, transmitidos por aqui. Em outras palavras, diferença técnica é discrepante. Aponto a dinâmica do jogo como a maior causa, a diferença na qualidade da partida é abissal. Mesmo alguns jogos de menor expressão conseguem apresentar qualidade melhor que o que vemos no Brasileirão. Isso é terrível. Além do mais, aqui sofremos com arbitragens ruins constantemente. E ainda alguns estádios até com gramados ruins e públicos baixos – o que não atrai o torcedor a acompanhar uma partida.

Já com a debandada de craques citada no segundo ponto, temos uma situação catastrófica. É muito difícil segurar o craque no Brasil. As volumosas dívidas dos times faz com que nosso futebol venda jovens valores com 17, 18 anos para o exterior. E isto deixa o futebol brasileiro carente de boas revelações. Bons jogadores que criam identidade com o torcedor com seus dribles e belas jogadas vão (em sua maioria) para a Europa fazer o futebol de lá melhor. E aqui ficamos com algumas sobras.

O último ponto é algo considerável. O calendário.  Fevereiro temos o início dos estaduais. Estes se arrastam até maio. Na Europa, os clubes estão entrando em fase de decisão nas ligas nacionais. A Champions entra na fase decisiva no segundo trimestre do ano. Tudo bem. O torcedor pode ver o jogo da Premier League domingo de manhã e o Brasileirão/estadual a tarde. Mas o efeito de se familiarizar com o jogo lá de fora já foi atingido. A escolha dele em ser um torcedor do time europeu será mais facilitada. É só por na balança. Sem jamais esquecer da incompetência dos nossos dirigentes. Ponto para os clubes europeus.

A ausência de ídolos e a escolha na TV colaboram para o sucesso dos clubes europeus

O ídolo é a maior identificação no futebol. Muitos times ficam anos sem títulos, mas conseguem torcedores porque alcançam, na figura do craque, conquistar crianças. Nosso futebol está devendo bons jogadores. O alto salário na Europa seduz o bom jogador, mas a visibilidade e a perspectiva dele fazer carreira lá é ainda maior. Acima de tudo, é preciso criar alternativas.

E ainda assim, a televisão colabora. Entretanto, hoje, o comportamento do consumidor mudou. Temos tudo na palma das mãos. O torcedor não é diferente. Por exemplo, ele pode ver vários campeonatos pela tv a cabo, acompanhar notícias pela web e conferir o desempenho de pós jogos nas redes sociais. Não podemos esquecer que o futebol brasileiro se tornou um lazer caro para o brasileiro. Levar a família ao estádio não é nada barato. E essa aproximação do torcedor com o time no estádio está sendo deixada de lado. Contudo, o torcedor fica em casa e vê tudo pela TV. Nessa liberdade de escolha, ele vai assimilando ainda mais o futebol gringo. Assistir pela televisão terá o mesmo efeito em se tratando de diferentes campeonatos – seja ele nacional ou internacional.

O próximo passo do domínio do futebol europeu no Brasil

Os grandes prejudicados nisso tudo serão os clubes brasileiros. O clube passa a perder não só o torcedor em números, mas deixa de arrecadar com a venda de produtos licenciados. Por que? Porque ao ir a grandes lojas, o torcedor vai consumir a camisa do Barcelona, do Real Madrid, do Liverpool. O clube deixa um ativo de lado que é a monetização de seus produtos. A consequência natural é o estádio mais vazio, menos venda de ingressos, menos venda de camisas e o efeito cascata está feito.

Claro, sem esquecer que vai perder espaço na mídia espontânea. E isso acarreta perda em contratos publicitários e patrocínios menos vantajosos. As marcas querem aparecer não só nos jogos, mas na mídia como um todo, mesmo que seja nos debates das mesas redondas. Porém, o debate sobre o futebol brasileiro nas emissoras já divide o espaço com o futebol europeu. Lamentável para o futebol brasileiro.

Ou mudamos e tentamos reconquistar o torcedor, ou seremos coadjuvantes do esporte que amamos em nossa própria casa.

Foto: Pau Barrena / AFP / O Tempo

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